Tardou… e não falhou, vai.
Silent Hill: The Short Message, marca não apenas o retorno da aclamada franquia de terror adormecida por 84 anos (ou quase), como também um sabor agridoce e esperançoso para dizer que ela ainda consegue caminhar em dias atuais.
Há quem diga que The Short Message é uma inspiração a Silent Hill: Shattered Memories. Outros, que continuam saboreando o amargor da desilusão, afirmam que a franquia tentou se reerguer em cima de Silent Hills (finado P.T. de Hideo Kojima).
Vi um pouco de cada, vi um pouco de tudo. Ainda assim, recebi de braços abertos o projeto que por muito tempo flutuava em meio a tantos rumores e vazamentos, mas que se mostraram reais ao fim do dia.
É o ciclo sem fim.
Com uma narrativa nitidamente mais moderna e atualizada sobre redes sociais e Covid-19, o título trata de temas delicados e sensíveis que nunca perdem sua importância e não devem passar por despercebidos, como bullying, depressão e suicídio – talvez de forma clichê, mas que se justifica na tentativa de atingir um público de primeira viagem para conhecer a franquia.
Jogamos pelos olhos de Anita (interpretada pela queridíssima Fadile Waked), uma jovem estudante que está em um prédio abandonado em busca de sua amiga – até então desaparecida – que por meio de uma mensagem de texto, pediu que a protagonista fosse ao seu encontro.
Nada anormal, até que a busca naquele lugar bizarro e questionável se tornasse um ciclo quase eterno de um labirinto, com uma criatura que eventualmente surge para te perseguir, atrapalhando o sucesso da sua missão. Não por menos, com apenas um celular em mãos, nada mais restava para tentar qualquer combate, além da fuga – por algumas vezes (na verdade uma em particular) frustrante. Bem nas margens de Shattered Memories e vestindo uma bem sutil fantasia de Silent Hills para cada vez que você for capturado (a)? Sim. Mas ao meu ver, posso dizer que acaba por aí.
A jogabilidade é simples e mantida no básico: andar, correr e interagir. O que funciona com a proposta do jogo e conversa com o que precisa ser feito. Principalmente pela história, de apenas uma garota atormentada por seu passado e consumida pelos efeitos negativos da internet, enquanto está perdida em um lugar escuro e desconhecido. Flashbacks em cenas live-action e os simbolismos para quem gosta de se aprofundar dão um charme a parte.
O terror psicológico está ali e consegue criar tensão e peso naquele ambiente, ainda mais ao som da MAJESTOSA trilha sonora de Akira Yamaoka, responsável também pelos primeiros jogos de Silent Hill.
Nomes de peso estiveram por trás de The Short Message que valem ser citados. Além de Akira Yamaoka, Masahiro Ito também fez sua colaboração com a franquia após longos anos, dando vida à nova criatura, Sakura Head. Não menos importante, o diretor, Motoi Okamoto, que carrega uma boa bagagem de participação em grandes jogos como The Legend of Zelda: Wind Waker, New Super Mario Bros U, Pikmin, Luigi’s Mansion e está envolvido com a produção do remake de Silent Hill 2 e Silent Hill f.
A mensagem é curta, mas compreendida.
É diferente, mas é familiar. As poucas horas de jogo de Silent Hill: The Short Message conseguiram me dar um abraço saudoso por algo que tanto gosto e admiro simplesmente por saber que está ali, vivo.
Uma tentativa inovadora, casando modernidade com uma virada de cabeça para trás, quase que como uma segurança de que a coisa realmente está andando. E está, de fato, mesmo que atrás de você.