Silent Hill 2 | REVIEW

Memórias não mais perdidas

É inegável que, quando lançado em 2002, Silent Hill 2 instantaneamente se consolidou como o melhor jogo do gênero survival horror. Não diferente de grandes títulos como Dead Space e Resident Evil 4, Silent Hill 2 também ganhou o seu tão aguardado remake, desenvolvido pela Bloober Team (Layers of Fear, The Medium) com apoio da Konami.

Seja coberta por neve, neblina, chuva ou até cinzas, no caso dos filmes, Silent Hill está, não ironicamente, em seu melhor estado. A empresa polonesa não poupou esforços para manter um capricho rico em detalhes e qualidade visual, com a leveza de uma nova geração e ao mesmo tempo, o peso perturbador que se instala em uma jornada sombria da alma.

Era (mais) uma vez

A premissa é a mesma. Silent Hill 2 é uma recriação quase que fidedigna do original que, sob a possibilidade e capacidade de tecnológica mais moderna, naturalmente se expande, seja de maneira informativa com diálogos e textos ou locações nunca antes exploradas.

James Sunderland resolve revisitar a cidade de Silent Hill em busca de sua falecida esposa, Mary, logo após receber uma carta com seu nome. Mary ainda está viva ou existe alguma força sombria por trás disso?

A apresentação está impecável e cinematográfica. Em uma jogada de iluminação e sombras que afinam até os mais questionáveis paladares, as cenas mais marcantes estão ali, com atuações de um elenco de peso que retrata momentos de forma menos caricata e com mais drama e emoção no que as pessoas de fato expressam em uma linguagem contemporânea e nem por isso desonrosa àquilo que precisa passar.

“The Last Silent Evil in the Dark”

Muitas foram as (até contraditórias) comparações entre Resident Evil 4 e Silent Hill 2. Enquanto uns diziam que Silent Hill 2, que agora acompanha uma gameplay atualizada de câmera sobre o ombro, estava nitidamente mais apelativo em relação ao combate e que isso se assemelhava ao jogo da Capcom, outros, fãs mais hardcore de Leon S. Kennedy, contestavam a jogabilidade “travada” que poderia ser mais parecida com o agente de Raccoon City.

As comparações, embora válidas, não passam de padrões já adotados muito antes na indústria de games, de forma que se apoiem quanto a construção de narrativa e experiência para cada título. Um toque do pai Alone in the Dark aqui, um gostinho de The Last of Us ali, um cheirinho de Resident Evil lá… Tudo de forma muito sutil para não mudar drasticamente o aspecto único de sobrevivência, exploração e combate, quando este não puder ser evitado. Usar o que tem e aperfeiçoar as possibilidades.

Essência

Para a maioria e fãs do gênero, Silent Hill 2 continua um survival horror de excelência. A essência está ali, viva e alinhada, juntamente com os produtores do original que marcaram forte presença, de forma a também conseguir atender a expectativa mais moderna dos novos e antigos jogadores. Alguns podem questionar o impacto que determinadas cenas podem ou não oferecer, mas será que deveriam causar? Ou alguns aspectos já são inevitáveis, tanto quanto a idade que a gente alcança e o sabor, que muito dificilmente será o mesmo?

Embora mais fluido, com mira auxiliar e esquiva de ataques, existe, sim, de certa forma, um aspecto desengonçado para confrontar os inimigos e contornar situações intensas, o que não é ruim e não incomoda. É desafiador e funciona. O combate e suas peripécias não são uma constante que excede ou faz falta, mantendo um equilíbrio de sensações que inclusive podem causar pânico e tensão. Sensações essas que tornaram o game o que é.

Vale ressaltar que o PlayStation 5 contribuiu ainda mais para aprimorar a experiência com o que o console pode oferecer. O DualSense faz bom uso de seus recursos, desde gatilhos adaptáveis e vibrações, até indicações de saúde com as cores do controle. O áudio 3D também é um ponto satisfatoriamente alto e faz justiça à maravilhosa ambientação e trilha sonora, pela mente brilhante do já consagrado Akira Yamaoka.

Bem-vindo (a) de volta

Eu poderia dizer: surreal, aterrorizante e grotesco. E minhas expectativas que já estavam muito bem trabalhadas em cima disso desde o anúncio, foram supridas como um todo, sem qualquer arrependimento ou desgosto.

Modernizar algo tão atemporal pode ser extremamente desafiador, coisa que em meio a críticas e incertezas, a Bloober Team cumpriu com o seu valor e mostrou que sabe mesmo o que faz. Seja em se tratando de fidelidade ou justificando o que se tornou ainda mais necessário para os próximos remakes, Silent Hill está mais viva do que nunca e é abraçada com paixão, admiração e respeito para o que antes foi e sua nova era.

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