Muito além do meu agrado desde seu anúncio, Blair Witch conseguiu me surpreender de forma significativamente positiva, e não apenas por já ter um apreço pelo filme lançado há algumas décadas.
Eu já conheço alguns dos jogos da Bloober Team, responsável por Layers of Fear e Observer, e sinceramente? Sempre gostei bastante de tudo que joguei. Ao meu ver, posso dizer que eles sabem o que fazem e sabem, sim, como flertar com o terror.
A floresta de Black Hills vive.
Literalmente. O universo mitológico criado para o filme abraça muito bem o jogo, seja nos cenários e o desespero que bate quando a noite cai, ou por menções que, para quem conhece o a história, podem parecer familiar.
Mas nesse caso, estamos em 1996. O protagonista é um ex-policial, Ellis, que ainda sofre sequelas do seu passado, ao lado de seu inseparável cachorro.
Intrigado com o misterioso desaparecimento de um jovem, Peter Shannon, Ellis se vê motivado a explorar as florestas ao redor de Maryland para saber o que pode descobrir e até onde pode chegar para desvendar o ocorrido.
Alguns – até então sutis – acontecimentos começam a estranhar Ellis enquanto a história se desenrola, em meio a flashbacks de seu passado e sua relação com a família de Peter. Não apenas, a floresta ainda faz uso dos traumas do protagonista para manipular sua realidade.
O melhor amigo do homem.
A gameplay, em primeira pessoa, tem foco em exploração e puzzles, sempre ao lado do parceiro de Ellis, seu cachorro Bullet, que obedece aos comandos: farejar, chamar, permanecer parado e acompanhar. O combate, por sua vez, se dá pela lanterna que deverá ser apontada para os inimigos – que diferente de Alan Wake, não precisam levar tiros.
Alguns jump scares podem funcionar, outros nem tanto. Existe também uma falta de direcionamento notável para a progressão do jogo e que deve ser pontuada porque pode ser frustrante. Mas como sempre, a Bloober Team faz um trabalho impecável quanto a atmosfera e ambientação visual e sonora, causando desconforto e, por vezes, uma irritante sensação de repetição por estar dando voltas no mesmo lugar. Até propositalmente, em certos momentos, para que transformações aconteçam na medida em que você avança – e isso funciona muito bem, principalmente nos últimos minutos do jogo.
Recordar é viver.
Blair Witch é um jogão de terror que merece uma chance. Estou para dizer que um dos melhores que joguei nos últimos anos, se não o melhor. A história é muito bem construída do início ao fim. Intrigante, satisfatória, talvez até pessoal. Uma rápida experiência que sabe utilizar o que se dispõe a entregar e uma carta de amor aos amantes do clássico título cinematográfico de 1999.